Latin American & Caribbean Aquaculture 2024

September 24 - 27, 2024

Medellín, Colombia

IMPACTO DOS MICROPLÁSTICOS DE POLIPROPILENO NO CRESCIMENTO E BIOQUÍMICA SANGUÍNEA DO Piaractus brachypomus

Ronald Kennedy Luz*, Camila Gomes de Oliveira, Túlio Pacheco Boaventura, Fabio Aremil Costa dos Santos, André de Sena Souza, Sidney dos Santos Silva, Camila Silva Brey Gil, Rodrigo Lambert Oréfice

 

*Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária

Universidade Federal de Minas Gerais

31270-901 Belo Horizonte – MG, Brasil

luzrk@yahoo.com

 



O aumento do consumo de plásticos, combinado com o descarte inadequado e a resistência à degradação, tem causado sérios problemas ambientais. No ambiente aquático as micropartículas de plástico, podem ser ingeridas por organismos, resultando em bioacumulação e colocando em risco todo o ecossistema. Portanto, o objetivo deste trabalho foi verificar a influência de diferentes concentrações de micropartículas de polipropileno (MPP) adicionadas na dieta sobre o desempenho e bioquímica sanguínea de juvenis pirapitinga (Piaractus brachypomus).

Os juvenis de P. brachypomus foram distribuídos em “recirculating aquaculture system” (RAS). Cada RAS foi considerado um tratamento, sendo um delineamento experimental com cinco tratamentos e quatro repetições. O experimento foi conduzido em duas fases distintas, em que os animais foram alimentados com os 0 mg, 10 mg, 100 mg, 1000 mg e 5000 mg de MPP por quilo de ração. Na Fase 1 utilizou-se 280 juvenis, com peso médio inicial de 13,45 ± 2,07 g e um comprimento de 7,88 ± 0,64 cm (56 peixes por tratamento, sendo 14 por cada repetição) com duração de 10 dias. Na segunda fase, 28 peixes por tratamento, com 7 indivíduos por repetição, foram alimentados durante um período adicional de 50 dias. Ao final de cada fase foram realizadas biometrias para estimar os parâmetros de desempenho e então, coletou-se amostras de sangue de 12 animais por tratamento (três repetições) por punção venosa da veia vertebral. O plasma obtido foi utilizado para determinação da proteína plasmática total, glicose, colesterol, triglicerídeos e enzimas alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST).

Os dados foram testados quanto à homogeneidade das variâncias e normalidade dos resíduos. Posteriormente, submetidos à ANOVA e teste de Tukey (significância de 5%).

O desempenho dos juvenis foi afetado pela presença dos MPP na dieta na fase 1, em que os juvenis apresentaram redução do peso final nas diferentes concentrações estudadas (P<0,05). Os juvenis do tratamento controle também apresentaram o maior ganho de peso e taxa de crescimento especifico que juvenis alimentados com 10, 100 e 1000 mg/kg de MPP (P<0,05). Na fase 2, nenhuma diferença foi observada no crescimento dos juvenis (P>0,05).

Ocorreram alterações significativas na proteína total, hematócrito, nas enzimas ALT e AST em ambas as fases avaliadas nos juvenis dos diferentes tratamentos (P>0,05).

Conclui-se que a exposição dietética de P. brachypomus a MPP causou alterações no crescimento durante 10 dias, embora este efeito não tenha ocorrido a longo prazo. Além disso, foram observadas alterações sanguíneas em ambas as fases estudadas, sem causar mortalidade dos juvenis.