O estudo da toxicidade de plantas em organismos aquáticos é fundamental para compreender os impactos ambientais e potenciais usos terapêuticos. A Campomanesia guazumifolia, conhecida como "Sete capotes", é uma planta brasileira com propriedades farmacológicas pouco estudadas. Plantas do mesmo gênero têm mostrado atividades antioxidantes significativas, atribuídas a compostos como catequina e quercetina. O Pacu (Piaractus mesopotamicus) é uma espécie de peixe amplamente utilizada na aquicultura intensiva devido às suas características favoráveis para o cultivo.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar os efeitos da exposição aguda do peixe Pacu (Piaractus mesopotamicus) ao extrato aquoso das folhas da Campomanesia guazumifolia (EACG), analisando a sobrevivência, qualidade da água e parâmetros fisiológicos do peixe. Os extratos das folhas da C. guazumifolia foram obtidos pelo método de decocção e infusão, mantendo as folhas em contato com água fervente por 10 minutos em recipiente fechado. No ensaio de tolerância aguda, foram utilizados exemplares de Pacu com peso médio de 5,53±1,04 g, expostos a concentrações de controle (zero), 0,1; 1; 10; 25; 50; 100; 200; 300; 400 e 500 µg.ml-1, com dez repetições, por 24 horas (CEUA, protocolo: 003/14). A tolerância dos peixes às diferentes concentrações de extrato foi aferida pela sobrevivência durante um período de 96 horas. As concentrações de glicose plasmática foram medidas usando leitores digitais Advantage™. O delineamento foi inteiramente casualizado com onze concentrações e dez réplicas. As análises de variância (ANOVA) e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). Os resultados de qualidade da água revelaram que o EACG altera a coloração da água, tornando-a turva e com presença de espuma conforme o aumento da concentração do extrato. A sobrevivência foi de 100% até a concentração de 50 µg.ml-1. Em concentrações acima de 100 µg.ml-1, observou-se 100% de mortalidade em 12 horas de exposição (figura 1). O aumento da concentração de C. guazumifolia promoveu um aumento significativo na glicose plasmática dos Pacus expostos a doses acima de 25 µg.ml-1. Conclui-se que o EACG pode ser administrado aos Pacus em doses de até 10 µg.ml-1 sem alterar significativamente a concentração de glicose plasmática.